terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Medo do medo



Eu tenho medo,
Tenho medo do medo.
Pois o medo é o segredo do mal.
O medo da morte não permite viver.
O medo da vida só nos leva ao morrer.
O medo da dor é o que faz doer.
O medo do amor não o deixa nascer.
O medo do fogo é o que queima.
O medo do frio é o que congela.
O medo da queda é o que abre o abismo.
O medo do escuro é quem sopra a vela.
O medo da verdade é quem ouve a mentira.
O medo do perdido é quem não acha caminho.
O medo da coragem é que corre assustado...
E por tudo isso que o medo faz, é que eu tenho medo.
Eu tenho medo do medo.
E é só o medo do medo, que me faz lutar.
E quando eu temo a morte me proponho a morrer.
E quando eu temo a dor eu deixo o sangue correr.
E quando eu temo o fogo eu pulo na fogueira
E quando eu temo o frio deixo o queixo bater.
Se eu sinto medo do amor
Tudo o que eu faço é amar.
Se eu sinto medo do escuro,
Deixo meu olho fechar.
E se a verdade doer,
E se o fogo queimar,
E se o sangue escorrer,
E se o caminho se achar,
E se a coragem chorar
E o frio aquecer
E se a vida te amar
Ou se a morte jurar,
Que te espera viver...

Tudo o que quero dizer,
É que apenas o medo,
É o que devemos temer.

24/06/02

sábado, 1 de dezembro de 2007

A visão cansada do inexistente.

O vento dentro traz o fim,
Da vazia realidade da morte.
E a inspiração é a vida e a vida é sonho.
As paredes não existem porque foram construídas.
As verdades não existem porque foram concluídas.
E as cores não são nada porque existem cegos.
Toda explosão é um fim e um início.
E todo início é o principio do fim.
Meus olhos de criança já estão velhos
E já sorriram demais com a beleza do absurdo.
Vivemos um pouco e vemos um pouco.
Sentimos algumas coisas e sofremos
Pelo que não sentimos.
O vento no peito me enche de mim,
Somos feito de vento,
E voamos no sonho,
Onde o céu é o pensamento,
Onde a terra é o sentimento
E a água é lágrima
Que trás a vida lamentando a morte.
As famílias não existem porque se morre sozinho.
As estradas não existem porque perdemos caminho.
E os caminhos não existem pois levam ao mesmo lugar.
As estrelas perderam a noção do tempo,
E as fadas sonham com casamento.
Um átomo solitário perdeu sua órbita,
E agora vaga ao redor do nada.
E os surdos não ouvem o pedido dos mudos.
Somos somente carta no baralho.
Não existimos até provem o contrário.
Um anjo que não existe,
Me disse que eu posso saber isso.
E esse mesmo anjo triste me disse também:
-Se souber mais que isso, não conte a ninguém!

26/05/99

A Solidão e o Silêncio


Um surdo infinito e um relógio parado:

- Onde está o Sol? – Pergunta a Solidão.
- Onde estão os risos? – Pergunta o Silêncio.
- Onde está o tempo? – Pergunta o Infinito.

Nessa paisagem de nada
O Silêncio faz um gesto
Perguntando a Solidão: - O que vê?

Sem olhos tristes responde: - Só vejo a mim.

Passam-se eternos tempos...

19/03/00