sábado, 24 de novembro de 2007

FESTA DOS FILÓSOFOS


Estive outra noite numa festa onde os convidados eram todos filósofos...
Há dias me sentia estranho, com uma sensação quente e fria no peito, e não sabia exatamente o que sentia. Decidi perguntar aos filósofos o que era o que sentia...
Tales me disse que era coisa da Natureza, mas disso já desconfiava e fui a Sócrates perguntar, mas ele disse que só sabia que nada sabia e que eu só deveria sentir. Platão completou explicando que o que eu sentia já existia antes de eu sentir... lá no mundo das idéias...
Achei abstrato demais e perguntei a Pitágoras, que calculava a eternidade naquele instante, se o que sentia era certo. No que ele me olhou e sorriu suavemente dizendo: Tão certo quanto um meio e um meio são um e um e um são dois!
Olhei para Aristóteles que me olhava com expressão poética e num gesto tragicômico me disse: Lógico! Procurei Demócrito e o encontrei jogando xadrez celeste com Heráclito e enquanto fazia um movimento lhe dizia em tom de brisa: Meu irmão... para que algo exista é preciso próton, nêutron e elétron, xeque! – O jogo ficou ternamente tenso e achei melhor não interromper.
Encontrei Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, bebendo água da vida na fonte e perguntei novamente o que era o que sentia, no qual o primeiro respondeu: Deus! E o segundo completou: A lógica de Deus é Luz, e a luz lógica do coração é o Amor!
Com aquelas palavras caminhei maravilhado pelo salão sem fim e distraidamente esbarrei em Descartes, derrubando-lhe a maçã que estava prestes a morder, indignado, me deu um tapinha nas costas e me deu Razão. Caminhando então cheio de razão, encontrei Hobbes e ele me perguntpu como andavam as coisas, como ia a minha busca, essas coisas... e eu disse que estava amando, ele me disse que isso já existia antes do Contrato Civil e que era Direito Natural.
Bem, tudo estava do meu lado e o vento soprava a meu favor, eu não tinha dúvidas quando encontrei Hume e Locke fazendo algumas experiências com as flores astrais... convidei-os para meu futuro matrimônio, porém eles se entreolharam e depois me encarando com um sorriso irônico nos lábios me disseram que o que eu estava sentindo era apenas a soma de várias percepções, que era apenas coisa dos meus olhos, nariz, boca, tato e audição e não do meu coração, e que provavelmente se não existisse nada disso eu não sentiria nada.
Fiquei um pouco confuso e perambulei perdido pelo Caminho...
Encontrei Hegel e felizmente ele conseguiu me acalmar um pouco dizendo que era apenas uma Tese, que estava pedindo desesperadamente por uma Antítese e que provavelmente isso ia dar em Síntese. Suspirei aliviado e Marx disse que capital e que eu investisse tudo...
Freud explicou que o conflito havia surgido entre o Ego e o Superego por causa do Id, Jung riu e disse que isso era sonho...
Cansado de tanta informação e confusão, sentei-me para descansar ao lado de Sartre, num café em frente o Rio da Água da Vida, ele a bebia numa xícara fosforescente e contemplando a paisagem sem fim escrevia o que parecia ser um poema.
Contei-lhe todo o meu dilema e ele parecia ouvir sem ouvir... ao fim da história me perguntava: O que é Amor? O que é Sentir?...
No que então ele me olhou sorrindo sábia e humildemente e me estendeu um pequeno papel brilhante que continha o que parecia um oito deitado em chamas, então ele disse pausa...da...mente...
“Sentir... Amor...É...Existir...”
Então eu acordei!

11/09/02

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